03/02/2010

O Lobo, o Veado e a Ovelha

Tendo‐se ajustado com um lobo, foi um veado ter com uma ovelha, e lhe pediu que restituísse o trigo que lhe havia emprestado. A ovelha, vendo o reforço a que o impostor havia recorrido, percebeu que só por manha livrar‐se‐ia. Bem, disse; mas ando agora em tais apuros, que não posso cuidar de negócios, nem tenho um grão de trigo. Volte daqui a oito dias, e conversaremos. Retirou‐se o veado, satisfeito com a esperança. Passados alguns dias, encontrando-se com ele, a ovelha o desengana, declarando que nada lhe devia, e nada lhe havia de dar.

MORALIDADE. ‐ Quando contra nós alguém se levanta em presença de nossos inimigos, manda a prudência calar, até que venha a oportunidade de nos desagravarmos.

O Cão e a Ovelha

Um cão pôs demanda a uma ovelha, dizendo que lhe havia emprestado, para matar-lhe a fome, um belo osso de presunto. A ovelha respondia que nunca lhe pedira emprestada coisa alguma, e ainda menos ossos de presuntos, pois nem seus dentes nem seu estômago se acomodavam em semelhante alimento. Mas, pobre dela! o cão achou por testemunha um lobo, um urubú e um gavião, e jurando os três terem visto a ovelha receber do cão presunto, roe‐lo faminta, foi ela condenada.

MORALIDADE. ‐ Por mais razão que tenhas, foge de demandas; ao rico contra o pobre nunca falta apoio de testemunhas capazes de tudo.

O Lobo e o Cordeiro

Estava um cordeiro bebendo água na parte inferior de um rio; chegou um lobo, e cravando nele torvos olhos, disse‐lhe com voz cheia de ameaça: "Quem te deu o atrevimento de turvar a água que pretendo beber?
‐ Senhor, respondeu humilde o cordeiro, repare que a agua desce para mim : assim não a posso turvar.
‐ Respondes, insolente! tornou o lobo arreganhando os dentes; já o ano passado falaste mal de mim.
‐ Como o faria, se não tenho seis meses então ainda não tinha nascido.
‐ Pois se não foste tu, foi o teu pai, teu irmão, algum dos teus e por ele pagarás. E atirando‐se ao cordeiro, o foi devorando.

MORALIDADE. ‐ Foge do mau, com ele não argumentes: as melhores razões te não poderão livrar da sua fúria. Evita‐o fugindo.

A Galinha dos Ovos de Ouro

Tinha certa velha uma galinha que lhe punha ovos de ouro; e bem que raros fossem, davam‐lhe para viver em abastança. Um seu afilhado continuamente lhe dizia: "Como pode minha madrinha esperar pelos ovos desta galinha? Se põe ovos de ouro, é por certo toda de ouro; matemo‐la. A velha por fim cedeu. Morta a galinha, era por dentro como todas as galinhas.

MORALIDADE. ‐ Contentemo‐nos, agradecidos, com os presentes que Deus nos dá no tempo e nos períodos que sua sabedoria entende convenientes.

O Sol e as Rãs

Correu boato de que o sol ia casar‐se; e logo as rãs se assustaram, multiplicaram orações para que tal não acontecesse. Um Sol já nos custa a suportar: com a sua presença os charcos e os paúes ficam secos; mal podemos achar um ou outro esconderijo que nos conserve algum fresco, alguma umidade: o que será se, casando, tiver filhos?
MORALIDADE. ‐ É prudente evitar que se multipliquem os maus.

O Homem e a Doninha

Um homem armou uma ratoeira; sucedeu cair nela uma doninha. Vendo‐se preso, suplicou‐lhe o malfazejo animal que se lembrasse dos benefícios que lhe havia feito, limpando‐lhe a casa de ratos e de animais daninhos. Não serei ingrato, respondeu‐lhe o homem, pois nada fizeste com tenção de servir‐me; só tratavas de fartar‐te: se ratos não houvesses achado, terias despovoado o meu galinheiro.

MORALIDADE. ‐ Muitos querem que aceitemos como obséquio o que só fazem por prazer ou utilidade própria.

A Mosca e o Carro

Ia uma mula puxando um carro estava ele pesadíssimo; a estrada era pedregosa e cheia de covas, e a mula suava dobrando de esforço, e tendo em paga as chicotadas do arreieiro. Uma mosca que estava então sobre a cabeça do animal, compadeceu‐se dele e disse‐lhe ao ouvido : "Pobrezinho, vou aliviar‐te do meu peso; agora já poderás puxar o carro."

MORALIDADE. ‐ Quanta gente, tendo a importância da mosca, tem igual presunção?

O Cão e a Carne

Ia um cão atravessando um rio; levava na boca um bom pedaço de carne. No fundo da água viu a sombra da carne; era muito maior. Cobiçoso, soltou a que tinha na boca para agarrar na outra; por mais, porém, que mergulhasse, ficou logrado.

MORALIDADE ‐ Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.

O Cão e a Máscara

Procurando um osso que roer, encontrou um cão uma máscara: era formosíssima, e de cores tão belas quão animadas; o cão farejou‐a, e reconhecendo o que era, desviou-se com desdém.
A cabeça é de certo bonita, disse; mas não tem miolos.

MORALIDADE. ‐ Sobram neste mundo cabeças bonitas, porém desmioladas que só merecem desprezo.

O Galo e a Pérola

Um galo andava catando em um monturo vermes ou migalhas que comesse. Deu com uma pérola, e exclamou: "Ah se te achara um lapidário! a mim porém de que vales? antes um grão de milho ou algum bichinho." Disse foi‐se buscando por diante seu parco alimento.

MORALIDADE ‐ A riqueza só tem valor para quem a sabe aproveitar.

Destaque

ATENÇÃO Mudamos para https://recursosdehomiletica.wordpress.com/ Todos os novos conteúdos estão sendo postados por lá. Todo o conteúdo ...